# Somos o que comemos

Perguntam-me muitas vezes porque é que não como carnes vermelhas, porque é que tento não comer proteína animal, porque é que não bebo leite, porque é que não uso açucar nem farinha comum em nada. Perguntam-me como é que prefiro uma salada a um hamburguer e framboesas a mousse de chocolate. 
E a resposta é muito simples: porque não quero e o meu corpo agradece. 

Porque acredito muito que "somos o que comemos", porque percebi que isso é verdade: vê-se no volume, na pele, no humor e nos sorrisos. 
Porque desde que reduzi - quase totalmente - o consumo animal e de alimentos processados, sou de facto uma pessoa muito mais tranquila e feliz. 
Finalmente aprendi que o açucar é uma droga, que vicia e que é um veneno: e apesar de não usar açucar em casa e de o ter abolido da minha alimentação no dia-a-dia, quando estou em ambientes com muitos doces dificilmente consigo resistir ou controlar quantidades - porque sim, realmente é um vicio. O resultado é sempre igual: o corpo a queixar-se que não necessitava de tanto açucar, má-disposição, consequente mau-humor, preguiça e borbulhas. 

Com os alimentos processados é igual - e eu era daquelas que era capaz de passar o dia a comer bolachas, cereais, mais bolachas e bolos e bolachas,... Se lermos os rótulos e analisarmos os ingredientes usados - das bolachas ou dos cereais (até da maioria da granola) - o açúcar vem quase sempre em primeiro ou segundo lugar na lista (e convém saber que estão organizados de forma decrescente, ou seja, o primeiro ingrediente é aquele que está presente em maior quantidade e que tudo o que acaba em "ose" como "sacarose" ou "frutose" são açúcares). Para além disso, se continuarmos a ler chegamos a corantes e conservantes que não têm qualquer beneficio para nós.



E não, não vou ser hipócrita, tenho alguma saudades de comer pacotes inteiros de bolachas com pepitas de chocolate, e de comprar um kinder bueno cada vez que ia ao supermercado, de ir ao starbucks lanchar dois muffins porque sim ou de comer metade de um cheesecake - sim, tenho! Mas a sensação de felicidade que o açúcar proporciona é tão grande como as consequências que eu não gosto, por isso, opto 80% das vezes pelas minhas bolachas caseiras, pela minha fruta, os meus legumes e as minhas misturas esquisitas. 



E eu que não gostava de cozinhar passo agora horas na cozinha: entre as sopas e a soja, os legumes salteados, as sobremesas vegan e a granola caseira,... e adoro! 



Não tenho um dia da asneira, porque isto não é uma dieta, é uma opção e um estilo de vida; há dias em que tenho vontade de panquecas com nutella, ou de um pastel de nata ou de batatas fritas, mas um dia não são dias. 



Não acredito em dietas: emagreces, voltas aos hábitos antigos e engordas.
Desde que comecei a morar sozinha perdi 10Kg, porque é muito mais fácil seres tu sem imposições dos outros: comes o que queres, no teu horário e no teu ritmo. 

Mas este processo não foi do dia para a noite: foi e continua a ser muito gradual. Até há poucos meses esta minha forma de estar desvanecia quando estava com um grupo de amigos: português que é português usa a alimentação como base para iterações sociais. "Vamos jantar!", "Vamos ao café!"... Até à altura em que perdi a vergonha de levar a marmita ou levar alimentos e cozinhar para mim - porque afinal moro numa cidade de estudantes, onde reina o fast food e a massa com atum e não é fácil explicar que sou mais feliz com uma salada ou com a minha batata doce do que com uma pizza congelada... Mas como tudo, é um hábito e Bia já não é Bia sem a marmita, as sementes ou a fruta!





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